terça-feira, 6 de março de 2012

Música e Guerra


Enquanto olhava pela janela e tomava o seu café o homem de Ghestlit não conseguia deixar de cantarolar o hino planetário de Delti. Repetia-o baixinho e insistentemente.
O Adepto abanou a cabeça… pobre desgraçado… certamente era um dos muitos refugiados da guerra naquele sistema, mas não sem antes pagar um preço extremamente alto.
Ghestlit  e Delti combatiam há já não se sabia quantas gerações e não se coibiam de utilizar as piores formas de violência entre si. Mas vermes auditivos, até para eles, eram armas baixas. Infelizmente, apesar de terem sido banidos pelo “Acordo Inter-Planetário De Coisas Excessivamente Marotas Para Se Fazerem Até Em Situação Guerra” (o “A.I.P.C.E.M.P.F.S.G.”, na sua forma curta), era triste comprovar que não tinham sido eliminados. Aquele soldado era obviamente vitima de um desses parasitas.
“Amigo,” disse o adepto aproximando-se da criatura, que apenas o fitou com um olhar vazio, sem nunca deixar de murmurar versos “o café é por conta da casa e, se quiser, dou-lhe o endereço de dois centros que estão a trabalhar para resolver o seu…problema… não é muito, mas é o máximo que posso fazer.”

Ante o sorriso agradecido que o gheslitiano lhe deitou o Adepto de Éris anotou num guardanapo:


http://www.bbc.co.uk/news/magazine-17105759


http://earwormery.com/

“Espero que o ajudem…”
Depois de se despedir foi à cozinha buscar uma travessa de muffins acabados de fazer. 
Pelo caminho, sem reparar, começou a cantarolar:


“Avante, ó Delti rochoso,

 Não deixeis morrer o nosso santo Peru
 Que o vosso bastião flutue vitorioso
 E os inimigos levem um chuto no…”

Até que se apercebeu…

…também tinha sido contaminado.

Malditos vermes!

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